Rosa dos Ventos é uma escultura relacional, construída como um grande tear circular. Foi concebida através do tricô de dedo, atividade que Robertha Blatt, em parceria com Aline Gonet, desenvolveram durante sessões de terapia. Sua principal atribuição é assegurar uma sabedoria transmitida pelo corpo, independente do grau de habilidade de quem tricota, uma vez que o trabalho manual estimula a percepção sensorial e cognitiva de todos. Os conceitos de aproximação e de transformação atravessam as pessoas disponíveis para entrar em contato com emoções mais íntimas, como a frustração e o bloqueio. Em torno de um fazer coletivo, as conversas permitem engendrar laços de solidariedade. A trama de Rosa dos Ventos foi tecida com a participação de grupos de todas as idades. Seu desenho adquiriu os contornos que remetem ao cordão umbilical e, ainda, à “Tereza” – trança feita de lençóis, feita para ser lançada pela janela a fim de se fugir da prisão.

A obra evoca também as qualidades de tempo, esforço e trabalho, necessárias para dar origem ao nascimento. A escolha da cor do tecido realça o amarelo da pintura de Portinari, apontado como cor sagrada na tradição cristã e chinesa pelo crítico de arte Mário Pedrosa.

Rosa dos Ventos

2018–2024

Rosa dos Ventos, 2018
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brazil

Madeira e tecido