Planta Carnívora é um organismo sensível à presença e ao gesto, um corpo coletivo que se mantém em constante negociação e movimento. A ação é realizada com bastões de bambu que carregam em seu interior pequenas esferas de aço. Trata-se de uma dança enraizada, na qual cada gesto promove vibrações sonoras ressonantes, permitindo que o organismo vivo seja sustentado pela disposição dos corpos que integram a ação. Sem hierarquia fixa, o movimento emerge da escuta mútua, em equilíbrio dinâmico entre intenção e resposta. Do mesmo modo que ocorre em uma planta carnívora, os corpos enraizados, com seus membros estendidos pelos bastões, geram atração e captura, entrega e resistência. Mas, em Planta Carnívora, os corpos confundem predador e presa, pois o que rege a ação não é um comando externo, mas a autorregulação do duo que dança enraizado enquanto parecem possuir asas que os permitem voar. O gesto oscila entre controle e abandono, sedução e risco, numa coreografia improvisada na qual a continuidade só é possível pela atenção compartilhada, pelo som e pela iminência de se deixar levar.

Planta Carnívora

2023

Planta Carnívora, 2025
Connections in Flow, Red Thread Studio; Miami, United States

Bastões sonoros de bambu, dois ou mais corpos, cerâmica, esfera de aço e borracha