Robertha Haddad Blatt, Avisos oníricos, 2025
Impressão sobre papel fotográfico – cianotipia e cerâmica, dimensões variáveis






Avisos oníricos considera o descanso e a qualidade do sono como elementos vitais para acessar o inconsciente. Inclusive, ao levar em conta sua permeabilidade e natureza dispersa, a obra é composta por fragmentos de imagens e textos que tentam alcançar esferas sutis da percepção aguçada pelo inconsciente. Tendo adotado como método a consulta de sonhos e suas manifestações em imagens e significados singulares, a obra busca evocar e explorar camadas mais profundas da percepção e da memória, quando os limites entre vigília e sonho se dissolvem. Com isso, Avisos oníricos chama atenção para a inexistência de códigos simbólicos universais capazes de traduzir os sonhos, uma vez que cada imagem demanda decodificações em consonância com localidade, circunstância e desejo, sem as quais a gramática íntima do sonho permanece velada em grande parte. Nesse sentido, o conjunto de imagens funciona como mapas de pequenas realidades dispersas, fragmentos que, ao se conectarem, fixam ideias no mundo. A escrita torna-se um fio que costura falas e pontos, entrelaçando relações que revelam uma escrita que quer ser sopro vital. Para a artista, os sonhos são exercícios de liberdade para além do possível, ocasião em que o inconsciente escreve cartas para o futuro. A série de obras é, também, uma certa resposta ao que ela elaborou depois de se deparar com a obra O Oráculo da Noite: A História e a Ciência do Sonho, de Sidarta Ribeiro.